"Nunca ajude uma criança a fazer uma tarefa que ela acredita poder fazer sozinha". Esta aclamada frase da Dra. Maria Montessori é muito difundida no mundo da educação. Mas, quando falamos essa frase para famílias de crianças entre 2 e 5 anos, a primeira reação é discordar. Ficar com medo. Mas, você já parou para pensar no que ela, profundamente significa?
Siga conosco nessa leitura rápida que vai esclarecer o que Maria Montessori quer nos dizer com isso.
Nós adultos, temos o hábito de projetar situações ou sentimentos. Nos preocupamos com o que ainda não aconteceu e sofremos por isso criando situações em nossa cabeça que nos dominam e muitas vezes são irreais. E isso, muitas vezes pode nos levar ao erro. É o que ocorre quando nos precipitamos tentanto agir pela criança quando ela está tentando resolver um "problema" cotidiano sozinha. Fazemos tentando ajudá-la, preservá-la, mas acredite, estamos fazendo o contrário. Estamos limitando, impedindo seu processo de aprendizagem. O mais rico que ela tem nessa fase da vida.
Pense na seguinte cena: uma criança de 2 anos e meio tenta abrir um pote de vidro, daqueles de geléia. Ou com uma jarra na mão enchendo outro pote com um líquido (como na foto desse post). Seu primeiro pensamento deve estar sendo: "qual a chance de uma criança de 2 anos e meio sob minha tutela, estar com vidro na mão? Melhor não, né!? Mais fácil!". Mas não se esqueça que sim, já tivemos uma era em que plástico não existia...
Ainda assim, vamos supor que a situação aconteça. A maioria dos adultos tende a pensar: "Mais fácil se fosse um pote de puxar e empurrar para abrir. "Hum...difícil demais! Vou fazer para ele!”.
Mas você já parou para pensar que a criança está se deparando com um novo mecanismo? Rosquear! E no momento em que você pensou em fazer pela criança, você acabou de fazer algo antes mesmo de dar uma chance dela aprender. Ela nem sequer, teve a oportunidade de tentar. Rosquear e desrosquear são movimentos que exigem uma imensa atividade cerebral coordenada. Um grande esforço motor das mãos, articulações, músculos e outros membros. Lembrando que, esta criança está, neste momento, capturando centenas de informações por meio de seus 5 sentidos, seus ossos e orgãos crescendo e ela chegou a um super desafio naquele momento, algo inédito. Abrir o pote! Isso é muito rico para ela, é a chance que tem de fazer seu racíocio e aspecto motor funcionarem juntos e você por medo e precipitação, impede.
E repare, eles persistem! Se você tirar o pote da mão da criança, ela tende a chorar, reclamar e a tendência do adulto é dizer: "Chega, já deu. Vamos deixar esse pote aqui do lado e brincar com coisa de criança." Não! São esses objetos e situações simples do dia-a-dia os mais ricos e poderosos para as crianças aprenderem e se desenvolverem. Tudo o que está em nossa volta pode ser usado para o aprendizado das crianças. Muito mais que os brinquedos caros que a indústria do consumo nos faz acreditar que são os melhores...(pense nisso!)
E o pior... não soa controverso você não deixar a criança experimentar essas coisas simples, mas querer que ela aprenda o quanto antes a ler e escrever, buscar a melhor escola, o melhor método de ensino, etc...?
O ponto é que em casa você pode fazer muito por esse aprendizado, mas muitas vezes não percebe, não parou para pensar! E é isso que o método Montessori nos ensina. Claro que a ideia não é deixar seu pequeno correr risco, ser irresponsável com situações de perigo. Mas esse excesso de zelo, de uma falsa ideia de proteção está limitando o desenvolvimento das crianças, que crescem cada vez mais em ambientes pequenos, modelos de educação "travados" e focadas em atividades programadas, mecânicas e técnicas. Tudo muito pouco enriquecedor para formar um adulto preparado para a vida. Um adulto seguro, com boa auto-estima, criativo em resolver questões da rotina.
O mais lindo que as crianças têm é essa capacidade natural de, mesmo com a dificuldade não desistirem. Mesmo que ainda com TODOS os dentes da boquinha nascendo (e doendo), passando por diversas transformações diárias, eles persistem. Erram, se frustram, insistem...até conseguir.
Pois então, na próxima vez que você vir seu filho, sobrinho, irmão, TENTANDO algo desse tipo, lembre-se de que ela está preparada para estar ali. Ela mesma é seu maior guia. Se ela precisar de você, mais uma vez, será inteligente o suficiente para criar um mecanismo de expressão para te chamar atenção. E se você tiver conexão com seu pequeno, vai perceber. Basta estar atento.
Eles precisam dessa liberdade e autonomia, tendo seu cuidado como adulto como algo complementar, que não impeça a linda corrente do aprender.
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